A revolução de 1798 tem várias designações como – Conjuração dos alfaiates, Inconfidência da Bahia, Conspiração dos Búzios, Sedição de 1798. Foi o mais importante movimento revolucionário anticolonial que ocorreu em 1798 na cidade de Salvador.
Foram publicados 11 papéis manuscritos em pontos centrais da cidade que foram caracterizados pela devassa como “boletins sediciosos” pelo desembargador Avelar de Barbedo. O governador da capitania da Bahia. Dom Fernando José de Portugal e Castro (1788-1801), mandou fazer uma devassa para identificar o autor. Foram apensos nas devassas dez papéis sediciosos, pois o 11° papel foi queimado pelo coronel Francisco José de Mattos Ferreira e Lucena. Os papéis sediciosos continham:
- Severas denuncias da exploração colonial;
- Expressavam sentimentos de independência;
- Queriam igualdade de todos perante a lei;
- Formulavam promessa de recompensa para todos os soldados e oficiais dos regimentos pagos.
A devassa identificou 33 pessoas: soldados da tropa paga, escravos, oficiais militares, professor, médico etc., mas somente foram condenados a forca: os soldados Luiz Gonzaga das virgens e Veiga e Lucas Dantas do Amorim Torres, o alfaiate João de Deus do Nascimento, o aprendiz de alfaiate Manoel Faustino dos Santos Lira e o ourives Luiz Pires, este último fugitivo e jamais localizado.
Reunião no Campo do Dique
O governador da Bahia ao examinar os boletins comparando a escrita com os papéis de Luiz Gonzaga das virgens encontrados no porão de sua residência mandou prendê-lo. Acontece que, Luiz Gonzaga era um velho conhecido do governador por ter desertado três vezes e por ser um homem revoltado com a discriminação de cor dominante no exercito e na sociedade baiana. Essa prisão motivou uma reunião na oficina de Luiz Pires em que ficou decidido pelos presentes: Manoel Faustino, João de Deus, Lucas Dantas, o ourives Nicolau de Andrade e o comerciante de ouro José de Freitas Sacoto uma grande reunião no dia 25 de agosto no Campo do Dique do Desterro para fazer a contagem dos revolucionários e assim, planejar um levante e libertar o soldado Luiz Gonzaga das virgens.
Acontece que o cabeleireiro Joaquim José de Santana, o ferreiro Joaquim José da Veiga e o soldado José Joaquim de Sirqueira denunciaram a reunião. No dia da reunião só compareceram 14 pessoas.
Ao final da devassa, o total foram 41 pessoas presas, mas somente os soldados Luiz Gonzaga das virgens e Veiga e Lucas Dantas do Amorim Torres, o alfaiate João de Deus do Nascimento, o aprendiz de alfaiate Manoel Faustino dos Santos Lira foram enforcados e esquartejados em 08/ 11/ 1799. O restante dos presos, alguns cumpriram pena fora do Brasil, outros degredados na África e alguns escravos foram condenados a 500 açoites e seus senhores obrigados a vendê-los.
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Fonte:
TAVARES, Luiz Henrique Dias. História da Bahia. EDUFBA/UNESP, 2008