domingo, 18 de novembro de 2012

A História do Movimento de 1798

A revolução de 1798 tem várias designações como – Conjuração dos alfaiates, Inconfidência da Bahia, Conspiração dos Búzios, Sedição de 1798. Foi o mais importante movimento revolucionário anticolonial que ocorreu em 1798 na cidade de Salvador.
Foram publicados 11 papéis manuscritos em pontos centrais da cidade que foram caracterizados pela devassa como “boletins sediciosos” pelo desembargador Avelar de Barbedo. O governador da capitania da Bahia. Dom Fernando José de Portugal e Castro (1788-1801), mandou fazer uma devassa para identificar o autor. Foram apensos nas devassas dez papéis sediciosos, pois o 11° papel  foi queimado pelo coronel Francisco José de Mattos Ferreira e Lucena. Os papéis sediciosos continham:
- Severas denuncias da exploração colonial;
- Expressavam sentimentos de independência;
- Queriam igualdade de todos perante a lei;
- Formulavam promessa de recompensa para todos os soldados e oficiais dos regimentos pagos.
          A devassa identificou 33 pessoas: soldados da tropa paga, escravos, oficiais militares, professor, médico etc., mas somente foram condenados a forca: os soldados Luiz Gonzaga das virgens e Veiga e Lucas Dantas do Amorim Torres, o alfaiate João de Deus do Nascimento, o aprendiz de alfaiate Manoel Faustino dos Santos Lira e o ourives Luiz Pires, este último fugitivo e jamais localizado.
Reunião no Campo do Dique
          O governador da Bahia ao examinar os boletins comparando a escrita com os papéis de Luiz Gonzaga das virgens encontrados no porão de sua residência mandou prendê-lo. Acontece que, Luiz Gonzaga era um velho conhecido do governador por ter desertado três vezes e por ser um homem revoltado com a discriminação de cor dominante no exercito e na sociedade baiana.  Essa prisão motivou uma reunião na oficina de Luiz Pires em que ficou decidido pelos presentes: Manoel Faustino, João de Deus, Lucas Dantas, o ourives Nicolau de Andrade e o comerciante de ouro José de Freitas Sacoto uma grande reunião no dia 25 de agosto no Campo do Dique do Desterro para fazer a contagem dos revolucionários e assim, planejar um levante e libertar o soldado Luiz Gonzaga das virgens.
          Acontece que o cabeleireiro Joaquim José de Santana, o ferreiro Joaquim José da Veiga e o soldado José Joaquim de Sirqueira denunciaram a reunião.  No dia da reunião só compareceram 14 pessoas.
           Ao final da devassa, o total foram 41 pessoas presas, mas somente os soldados Luiz Gonzaga das virgens e Veiga e Lucas Dantas do Amorim Torres, o alfaiate João de Deus do Nascimento, o aprendiz de alfaiate Manoel Faustino dos Santos Lira foram enforcados e esquartejados em 08/ 11/ 1799. O restante dos presos, alguns cumpriram pena fora do Brasil, outros degredados na África e alguns escravos foram condenados a 500 açoites e seus senhores obrigados a vendê-los.

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Fonte:
TAVARES, Luiz Henrique Dias. História da Bahia. EDUFBA/UNESP, 2008

 

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

As fotografias dos bustos dos líderes do Movimento Revolucionário de 1798

 As imagens dos bustos dos mártires da inconfidência baiana que estão na Praça da Piedade, no centro de Salvador.

Luiz Gonzaga das Virgens e Veiga


João de Deus do Nascimento


Manoel Faustino dos Santos Lira

Lucas Dantas do Amorim Torres

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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Os conflitos anticoloniais

1-      Os Motins de 1711
      - O motim do Maneta
      - O motim de Dezembro
      2- Levante do Terço Velho
      3- A prisão dos oficiais da Câmara

      
        Vou começar com os diversos conflitos que ocorreram na Bahia colonial, no século XVIII, contra as autoridades que exerciam o governo em nome do rei de Portugal. Dentre muitos problemas enfrentados, estava à cobrança de impostos que gerava insatisfações devido os altos preços dos artigos importados, exemplo o sal.

         O pacto colonial vigorava entre Portugal (metrópoles) e o Brasil (colônia), em que a colônia fornecia matéria-prima e comprava produtos manufaturados da metrópole. Portugal defendia o monopólio do comércio: somente navios portugueses entravam na Bahia de todos os santos. E  a colônia só podia comprar e vender para a metrópole.
Portugal fixava preços em todos os produtos da colônia, como: açúcar, algodão fumo, couro etc. Todos os comerciantes eram subordinados ao rei de Portugal. Assim geraram conflitos na colônia.

                                                    
1-      Os motins de 1711

a)      O motim do Maneta – foi um protesto contra o aumento de 10% nos preços dos
 artigos importados. Esse aumento do imposto por Portugal teve o objetivo de auxiliar as despesas com os navios de guerra mandados pelos portugueses para proteger o litoral brasileiro que estava sendo freqüentado por navios piratas da Inglaterra e da França.
Outro objetivo do motim foi o alto preço do sal que beneficiava o comerciante Manoel Dias Filgueiras, que possuía uma loja que fornecia sal para toda a Capitania da Bahia.

        No dia 19 de outubro de 1711, o juiz do povo Cristóvão de Sá levou as solicitações dos comerciantes insatisfeitos ao governador, o Terceiro Conde de Castelo Melhor, Pedro de Vasconcellos e Sousa. Este discordou das reivindicações e ordenou que todos se recolhessem as suas casas. Desconte com posição do governador, o comerciante João de Figueredo Costa, apelidado de Maneta, chefiou uma invasão e destruição do depósito de sal de Manoel Dias Filgueiras. Depois disso, João de Figueredo Costa dirigiu-se com seus companheiros para outro depósito de sal, este no Cruzeiro do São Francisco, propriedade de um sócio de Filgueiras, Manoel Gomes Lisboa. Mas foram detidos pela intervenção do Bispo D. Sebastião a pedido do governador. Para acabar com as manifestações, o governador concordou em abaixar o preço do sal e deu amplo perdão a todos os insatisfeitos.

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Fonte:
História da Bahia - Luis Henrique Dias Tavares
Fonte da imagem: pt.wikipedia.org

domingo, 3 de junho de 2012

A História da Festa Junina


           Festa que se originou na Europa da Idade Média que era realizada pelos camponeses em junho, durante o solstício de verão. Eles comemoravam a fertilidade da terra em agradecimento de boas colheitas e pediam bons frutos para os próximos plantios.

          A festa foi incorporada pela Igreja Católica e está lhe deu novos significados atribuindo a celebração aos santos:
          Santo António - 13 de junho data da sua morte. Foi um padre franciscano que viveu no século XII, chamava-se Fernando Bulhões, nascido em Lisboa em 1195. Recebeu o nome Antônio ao entrar para Ordem de Santo Agostinho de São Francisco. Ficou famoso por ajudar as donzelas conseguirem dotes para se casarem, por isso é considerado santo casamenteiro. É um dos santos de maior devoção no Brasil.




               São Pedro - (29 de junho) apóstolo e primeiro Papa, fundador da Igreja Católica. Foi pescador por isso é considerado protetor dos pescadores.




          São João - 23 de junho, véspera do nascimento do santo. João Batista, filho de Isabel e Zacarias, foi quem iniciou o ritual do batismo no Rio Jordão, lugar de suas pregações, ali ele batizou seu primo Jesus.  Devido as suas pregações que incomodaram a moral da elite reinante da época, foi morto no dia 29 de agosto do ano 31 d.C., na Palestina, degolado por ordem de Herodes Antipas, a pedido de sua enteada Salomé.

         As festas juninas foram introduzidas ao Brasil pelos padres jesuítas durante o processo de colonização no século XVI, como uma forma de catequizar os índios. Com o tempo, a festa sofreu um processo de transformação cultural, adaptando-se a diversas regiões do país. E sofreu influências indígenas e africanas.
Os elementos que marcam as festas juninas são:

A)  O fogo, a fogueira e o mastro – simbolizam a passagem da Bíblia em que Isabel teria acendido uma figueira ao lado do mastro para anunciar a Maria, mãe de Jesus, o nascimento de João Batista.

    B)  A culinária no Brasil é historicamente relacionada com o milho como a canjica no nordeste,  o curau em São Paulo, Mato Grosso e Goiás e a canjiquinha no Rio de Janeiro. Há também outros pratos juninos como: bolo de milho, pé de moleque, paçoca de amendoim, milho assado na fogueira, arroz doce e a pamonha que tem sua origem africana. Certamente não poderia deixar de citar a bebida quente, o quentão e a cachaça.
          Em Portugal, o São João é uma festa tradicional e importante, e a sua culinária não é especifica, mas é comum o carneiro ou leitão assado, a pinga e bolos.

     C) A quadrilha de salão é um estilo em que várias pessoas dançam juntas e não podem errar os passos. Originou-se na Inglaterra no século XVI, entre a aristocracia, mas foi popularizada pelos camponeses. Difundida pela França para toda Europa, daí perdeu sua aristocracia inglesa primitiva.  Foi introduzida no Brasil com a vinda da Família Real Portuguesa em 1808, ganhou o interior como parte dos festejos juninos, tornando-se uma dança tipicamente caipira.

      D) A música tipicamente caipira acompanhada da viola, sanfona ou acordeão. Os negros africanos também contribuíram com as músicas da roça com seus batuques e congadas, misturando a música o seu brilho e requebrados, criando novos ritmos no Brasil.

     E) A roupa tipicamente caipira se originou no interior do Brasil;

        As festas juninas têm o seu brilho especial e diferenciado em cada região do Brasil, pois cada povo contribui com seus costumes e especificidades ressignificando seus conhecimentos, atribuindo novos conceitos, mas não perderam o que há de mais valoroso que é a sua essência.
 VIVA SÃO JOÃO!

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Referências
Festas Juninas – Toni Brandão
Ensino de História, conceitos e temáticas – Martha Abreu e Rachel Soihet
Os Lusíadas na Aventura do Rio moderno – Carlos Lessa
Jornal O Globo – 11/06/2011
Fonte das imagens:
luluonthesky.blogspot.com
viriatoapedrada.blogspot.com
renatadutraarte.blogspot.com

caraibasacontece.blogspot.com

terça-feira, 29 de maio de 2012

Pero Vaz de Caminha

Foi o escrivão da esquadra de Pedro Álvares Cabral que saiu de Lisboa em 9 de março de 1500, com destino as Índias, em busca de especiarias.  A missão de Caminha era descrever os acontecimentos da viagem.  Mas chegou em 22 de abril do mesmo ano “por acaso” ao Brasil. E relatou com riqueza de detalhes a terra descoberta e seus habitantes em sua carta para o rei D.Manuel I. Está carta ficou conhecida como “Carta de Nascimento” ou “Certidão de Batismo” do Brasil.

Caminha era português e pertencia à classe média da cidade do Porto, filho do fidalgo Vasco Fernandes Caminha. Foi atuante na vida política e administrativa da cidade. Caminha prestava serviços a Coroa, foi cavalheiro das casas de D.João II e depois a D. Manuel I. Em 1476, obteve a função de Mestre da Balança da Moeda da Cidade de Porto.

 Casado, teve uma filha chamada Isabel Caminha, está se casou com um homem violento chamado Jorge de Osório, que foi exilado na África devido às práticas criminosas em Portugal. Assim, Pero Vaz de Caminha pede no final da sua famosa carta, a volta do seu genro para Portugal.

Ao chegar às Índias, depois que saiu do Brasil com a esquadra de Cabral, em 1500, Caminha foi morto pelos mouros que atacaram a feitoria portuguesa. Caso tivesse sobrevivido a esse ataque,talvés teríamos mais detalhes sobre as terras encontradas que foi chamada de Brasil e que os habitantes que aqui já estavam a chamavam de Pindorama.

Leiam trechos da transcrição da carta de Caminha

 Sobre a terra

“... Até que terça-feira da Oitavas da Páscoa, que foram21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra, estando da dita Ilha... A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixa ao sul dele; e de terra chã, com grandes árvores; ao qual monte alto o capitão pós o nome de O Monte Pascoal e a terra - A terra de Vera Cruz!”

 Sobre os índios

“A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes. bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros, do comprimento duma mão travessa, da grossura dum fuso de algodão, agudos na ponta como furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita como roque de xadrês, ali encaixado de tal sorte que não os molesta, nem os estorva no falar, no comer ou no beber.
Os cabelos seus são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta. mais que de sobre-pente, de boa grandura e rapados até por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da solapa, de fonte a fonte para detrás, uma espécie de cabeleira de penas de ave amarelas, que seria do comprimento de um coto, mui basta e mui cerrada, que lhe cobria o toutiço e as orelhas. E andava pegada aos cabelos, pena e pena, com uma confeição branda como cera (mas não o era), de maneira que a cabeleira ficava mui redonda e mui basta, e mui igual, e não fazia míngua mais lavagem para a levantar.”

Sobre a Primeira Missa, rezada pelo Frei Henrique Soares na baía Cabrália.

“E, quando nos pusemos de joelhos, eles se puseram assim todos, como nós estávamos, e em tal maneira sossegados, que, certifico a Vossa Alteza, nos fez devoção”.

Sobre o seu pedido a D. Manuel I.

“E pois que, Senhor, é certo que, assim neste cargo que levo, com em outra qualquer coisa que de vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer graça especial, mande vir da ilha de São Tome a Jorge de Osório, meu genro - o que d' Ela receberei em muita merçê.”


Fonte:
Olhares Próximos – encontro entre antropólogos e Índios pataxó – Autores Bernhard Franz Bierbaun e Maria do Rosário Carvalho
O Prado e o descobrimento do Brasil – Autor Raul Ferraz

http://www.infoescola.com/biografias/pero-vaz-de-caminha/
http://educacao.uol.com.br/biografias/pero-vaz-de-caminha/

Imagens:
http://www.infoescola.com/biografias/pero-vaz-de-caminha/
pt.wikipedia.org

quarta-feira, 23 de maio de 2012

As Práticas Pedagógicas( Parte II)

                                               
                                 Tendência Pedagógica Progressista                 
Preocupa-se com as questões sociopolíticas da educação. Traz uma visão critica das realidades sociais, em oposição às pedagogias liberais.


1-     Pedagogia Progressista Libertadora
Conhecida como a pedagogia de Paulo Freire.
Propõe uma tomada de consciência da realidade para transformação social.
O professor é um motivador no processo de reflexão critica da realidade vivida pelo aluno.
Pressupostos: Situação problema
Método: predomina o dialogo entre o professor e o aluno, sem relação de autoridade (ambos são sujeitos do conhecimento)

           2-    Pedagogia Progressista Libertária
O aluno é tido como autor da sua própria proposta, é livre e se autogoverna.
O papel do professor é acompanhar o aluno, ser um orientador.
Não existem normas para serem seguidas.

                 3-   Pedagogia Progressista “Critico Social dos Conteúdos”
A função da escola é preparar os alunos para o mundo adulto e suas contradições.
Preparar o aluno para entender o mundo de forma critica.
Professor e aluno trabalham de forma integrada.
Método de ensino: relação direta com a experiência dos alunos



Referência Bibliográfica

 Silva, Delcio Barros. As principais tendências pedagógicas na prática escolar brasileira e seus pressupostos de aprendizagem.

Scheibel, Maria Fani. Tendências Pedagógicas I. Vídeo aulas on-line- IESDE Brasil S/A.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

As Práticas Pedagógicas ( Parte I)

          São todas as ações que viabiliza o processo de ensino aprendizagem dos alunos. Todas as atividades desenvolvidas no cotidiano escolar são tecidas através das praticas pedagógicas pelos professores na sala de aula.
As praticas dos professores estão sujeitas as tendências pedagógicas estruturadas por fundamentos teóricos de diferentes sujeitos do campo da Psicologia da Aprendizagem como Piaget, Vygotsky e outros.
                                                     

1-     Tendência Pedagógica Liberal
        A função da escola é preparar seus alunos para assumir seus papeis na sociedade. Assegurando os valores vigentes, sem que os educandos questionem ou tenham uma visão critica dos problemas sociais.

      Pedagogia Liberal Tradicional
Chegou ao Brasil com os jesuítas, dando continuidade de como  era ensinado na Idade Media.
A educação é centralizadora – o professor é o detentor do conhecimento.
O aluno decora e repete o conteúdo passado pelo professor, exigindo uma atitude passiva do aluno.
Avaliação – prova oral e escrita
Predomina a autoridade do professor e a disciplina é rígida para assegurar atenção dos alunos.

      Pedagogia Liberal Renovada Progressivista
 Foi um avanço na história da educação brasileira, pois o foco passou a ser o aluno.
O aluno passou a trabalhar em grupo, pesquisar
O método é aprender fazendo
O papel do professor: mediador
Principais teóricos: Piaget, Montessori, Dewey e entre outros

     Pedagogia Liberal Não Diretiva
Concentração maior no aluno
A escola está mais preocupada com os problemas psicológicos dos alunos, centrada na formação de atitudes. O aluno busca o conhecimento apartir das suas percepções.
A avaliação é autoavaliativa
O papel do professor; facilitador; auxilia o aluno a buscar o conhecimento.
O principal teórico: Carl Roger.

     Pedagogia Liberal Tecnicista
Implantado na Reforma do Ensino, na Lei 5.692/71
A escola prepara os indivíduos para o mercado de trabalho.
Método de ensino: transmissão e recepção de informações, sem debates, questionamentos e discussões.
O professor transmite a matéria
O aluno recebe, aprende e fixa as informações.
O principal teórico: Skiner

                          Fonte:
Silva, Delcio Barros. As principais tendências pedagógicas na prática escolar brasileira e seus pressupostos de aprendizagem.

Scheibel, Maria Fani. Tendências Pedagógicas I.
                                 Imagem: pt-br.facebook.com